domingo, 28 de outubro de 2012

NÃO SE ENVENENE


NÃO SE ENVENENE

       
Na maior parte do tempo não costumamos olhar para dentro de nós mesmos, ou seja, não analisamos a natureza dos nossos sentimentos. Todavia, algo nos faz voltar a atenção para a personalidade de nossos semelhantes, sejam eles amigos ou parentes.
Isso faz com que pensemos que os outros sejam sempre melhores do que nós. Em virtude disso aflora em nossas almas o vírus do ciúme, às vezes, sem razão de ser porque no fundo, embora não o saibamos estamos sendo alvo de modelo, que tanto pode ser para coisas boas quanto para coisas más.
No caso em tela, temos sido espelho e modelo a seguir, embora não tivéssemos consciência disso. Mal nos demos conta de que aquela personalidade que admirávamos na outra pessoa a tínhamos em nós mesmos. Isso nos levou tanto à cegueira do entendimento quanto à da alma.
A história a seguir, de autoria de Elisha M. Webster e tradução de Sérgio Barros, retrata um pouco a nossa própria insegurança na potencialidade do ser humano: Ao deixar a roupa suja no lugar apropriado, tropecei no diário de minha irmã de treze anos. O que eu ia fazer? Eu sempre tive ciúmes de minha irmã caçula.
Seu sorriso charmoso, sua personalidade cativante, e muitos outros talentos ameaçavam meu lugar como filha principal. Eu competia com ela silenciosamente e via crescer suas habilidades naturais. Por conseqüência, nós raramente nos falávamos. Eu procurava oportunidades para criticá-la e superar seus feitos. Seu diário colocado aos meus pés, e eu não pensei nas conseqüências.
 Não levei em conta a sua privacidade, a moralidade de minhas ações, nem em seus sentimentos. Eu apenas saboreei a chance de encontrar bastantes segredos para sujar a reputação de minha concorrente. Eu raciocinei que seria meu dever como irmã mais velha: verificar suas atividades.
Eu peguei o livro no chão e o abri, folheei as páginas, procurando por meu nome, convencida de que eu descobriria tramas e calúnias. Quando encontrei, o sangue gelou em meu rosto. Era pior do que eu suspeitava. Senti-me fraca e sentei-me no chão. Não havia nenhuma conspiração, nenhuma difamação. Havia uma descrição sucinta de si mesma, de seus objetivos e de seus sonhos seguidos por um curto resumo da pessoa que mais a inspirava. Eu comecei a chorar.
Eu era sua heroína. Admirava-me por minha personalidade, minhas realizações e, ironicamente, por minha integridade. Queria ser como eu. Tinha me observado por anos, quieta, maravilhando-se com minhas escolhas e ações. Eu cessei a leitura, golpeada com o crime que tinha cometido.
Eu tinha perdido tanta energia para mantê-la fora do caminho... Eu tinha desperdiçado anos ressentindo-me com alguém capaz desta mágica; e agora eu violara sua confiança. Lendo as sérias palavras que minha irmã tinha escrito, me pareceu derreter uma barreira gelada em meu coração e eu desejei conhecê-la novamente.
Eu poderia novamente por de lado a insegurança estúpida que me manteve longe dela. Naquela tarde, quando consegui me sustentar sobre minhas pernas, eu decidi ir até ela, mas desta vez para experimentar em vez de julgar, para abraçar em vez de lutar. Para viver como verdadeiras irmãs.
Moral da história: quem tem valores morais dentro de si, jamais pratica atos mesquinhos, tentando buscá-los nas outras pessoas, pois os possui de sobra para dar.







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