A OCASIÃO FAZ O LADRÃO
O
título acima é um provérbio popular bastante conhecido. Ele tem por função
explicar o mau comportamento das pessoas, mormente se não há ninguém para
criticar os seus atos. A expressão é típica para testar a honestidade dos seres
humanos que se aproveitam da situação para levar vantagem.
Muitas
delas se acham corretas e justas, pensando que dar prejuízos de pequena monta
não representa falta de caráter. Todavia, elas se esquecem de que não existe o
meio-termo em matéria de honestidade.
Quem gosta de
levar vantagens prejudicando as pessoas em pequenos delitos, acumula ações
dessa natureza para achar que pela impunidade possa no futuro, praticar outras
infrações de maior envergadura.
Esse é o
pensamento favorito dos estelionatários (falsificadores de documentos) e dos
corruptos que desviam dinheiro público prejudicando centenas de milhares de
pessoas. As leis são brandas e nem sempre ocorre a devida punição.
Isso estimula
outros ao mesmo comportamento. Nossa história semanal reflete em escala menor,
conduta reprovável por qualquer cidadão que se diz verdadeiramente honesto:
“Encostado no balcão de uma loja de
prestação de serviços, Roberto olhou para a rua e viu que um motorista
manobrava seu carro para sair. Observou que por falta de perícia, ele fez uma
manobra mal calculada e riscou o pára-choque do veículo estacionado ao lado.
Embora o dano
material tivesse sido pequeno, deixou uma marca visível a certa distância e,
também uma desagradável surpresa para o dono, que mais tarde ficaria se
perguntando se foi ele mesmo que riscou o carro ou alguém para quem o emprestou.
Enquanto
esperava, Roberto notou que uma das balconistas também reparou no incidente.
Ambos chegaram a fazer uma aposta em relação à conduta do motorista: – Aposto
que ele vai ficar no carro esperando o proprietário chegar para comentar o
ocorrido e talvez ressarcir algum prejuízo, ou irá procurá-lo para ver a
extensão do dano.
– Duvido,
disse Beatriz, a moça no balcão de atendimento. A maioria das pessoas não assume
a responsabilidade quando sabe que não há ninguém para pressioná-las e
reprová-las pelo deslize de conduta, finalizou ela.
Roberto perdeu
a aposta, pois o motorista não querendo ser pego saindo rapidinho, ficou
fazendo manobras tipo entra-sai e dando um tempo para ver se o dono aparecia, mas
acabou indo embora sem dar qualquer explicação”.
Moral da
história: existem pessoas para quem a consciência não dói quando fazem coisas
erradas. Elas acham que é normal serem imorais, sem ética, corruptas e ladras,
desde que ninguém fique sabendo.
Richard Zajaczkowski, bacharel
em Direito,
Oficial de Justiça – Vara do
Trabalho, jornalista
e membro do Centro de Letras de
Francisco Beltrão
E-mail: richard.zaja@uol.com.br
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