domingo, 28 de outubro de 2012

A OCASIÃO FAZ O LADRÃO


A OCASIÃO FAZ O LADRÃO


        O título acima é um provérbio popular bastante conhecido. Ele tem por função explicar o mau comportamento das pessoas, mormente se não há ninguém para criticar os seus atos. A expressão é típica para testar a honestidade dos seres humanos que se aproveitam da situação para levar vantagem.
        Muitas delas se acham corretas e justas, pensando que dar prejuízos de pequena monta não representa falta de caráter. Todavia, elas se esquecem de que não existe o meio-termo em matéria de honestidade.
Quem gosta de levar vantagens prejudicando as pessoas em pequenos delitos, acumula ações dessa natureza para achar que pela impunidade possa no futuro, praticar outras infrações de maior envergadura.
Esse é o pensamento favorito dos estelionatários (falsificadores de documentos) e dos corruptos que desviam dinheiro público prejudicando centenas de milhares de pessoas. As leis são brandas e nem sempre ocorre a devida punição.
Isso estimula outros ao mesmo comportamento. Nossa história semanal reflete em escala menor, conduta reprovável por qualquer cidadão que se diz verdadeiramente honesto:   
        Encostado no balcão de uma loja de prestação de serviços, Roberto olhou para a rua e viu que um motorista manobrava seu carro para sair. Observou que por falta de perícia, ele fez uma manobra mal calculada e riscou o pára-choque do veículo estacionado ao lado.
Embora o dano material tivesse sido pequeno, deixou uma marca visível a certa distância e, também uma desagradável surpresa para o dono, que mais tarde ficaria se perguntando se foi ele mesmo que riscou o carro ou alguém para quem o emprestou.
Enquanto esperava, Roberto notou que uma das balconistas também reparou no incidente. Ambos chegaram a fazer uma aposta em relação à conduta do motorista: – Aposto que ele vai ficar no carro esperando o proprietário chegar para comentar o ocorrido e talvez ressarcir algum prejuízo, ou irá procurá-lo para ver a extensão do dano.
– Duvido, disse Beatriz, a moça no balcão de atendimento. A maioria das pessoas não assume a responsabilidade quando sabe que não há ninguém para pressioná-las e reprová-las pelo deslize de conduta, finalizou ela.
Roberto perdeu a aposta, pois o motorista não querendo ser pego saindo rapidinho, ficou fazendo manobras tipo entra-sai e dando um tempo para ver se o dono aparecia, mas acabou indo embora sem dar qualquer explicação.
Moral da história: existem pessoas para quem a consciência não dói quando fazem coisas erradas. Elas acham que é normal serem imorais, sem ética, corruptas e ladras, desde que ninguém fique sabendo.



Richard Zajaczkowski, bacharel em Direito,
Oficial de Justiça – Vara do Trabalho, jornalista
e membro do Centro de Letras de Francisco Beltrão



        

Nenhum comentário:

Postar um comentário