NÃO SE ENVENENE
Na maior parte
do tempo não costumamos olhar para dentro de nós mesmos, ou seja, não
analisamos a natureza dos nossos sentimentos. Todavia, algo nos faz voltar a
atenção para a personalidade de nossos semelhantes, sejam eles amigos ou
parentes.
Isso faz com
que pensemos que os outros sejam sempre melhores do que nós. Em virtude disso
aflora em nossas almas o vírus do ciúme, às vezes, sem razão de ser porque no
fundo, embora não o saibamos estamos sendo alvo de modelo, que tanto pode ser
para coisas boas quanto para coisas más.
No caso em
tela, temos sido espelho e modelo a seguir, embora não tivéssemos consciência
disso. Mal nos demos conta de que aquela personalidade que admirávamos na outra
pessoa a tínhamos em nós mesmos. Isso nos levou tanto à cegueira do
entendimento quanto à da alma.
A história a
seguir, de autoria de Elisha M. Webster e tradução de Sérgio Barros, retrata um
pouco a nossa própria insegurança na potencialidade do ser humano: “Ao deixar a roupa suja no lugar
apropriado, tropecei no diário de minha irmã de treze anos. O que eu ia fazer?
Eu sempre tive ciúmes de minha irmã caçula.
Seu sorriso
charmoso, sua personalidade cativante, e muitos outros talentos ameaçavam meu
lugar como filha principal. Eu competia com ela silenciosamente e via crescer
suas habilidades naturais. Por conseqüência, nós raramente nos falávamos. Eu
procurava oportunidades para criticá-la e superar seus feitos. Seu diário
colocado aos meus pés, e eu não pensei nas conseqüências.
Não levei em conta a sua privacidade, a
moralidade de minhas ações, nem em seus sentimentos. Eu apenas saboreei a
chance de encontrar bastantes segredos para sujar a reputação de minha
concorrente. Eu raciocinei que seria meu dever como irmã mais velha: verificar
suas atividades.
Eu peguei o
livro no chão e o abri, folheei as páginas, procurando por meu nome, convencida
de que eu descobriria tramas e calúnias. Quando encontrei, o sangue gelou em
meu rosto. Era pior do que eu suspeitava. Senti-me fraca e sentei-me no chão. Não
havia nenhuma conspiração, nenhuma difamação. Havia uma descrição sucinta de si
mesma, de seus objetivos e de seus sonhos seguidos por um curto resumo da
pessoa que mais a inspirava. Eu comecei a chorar.
Eu era sua
heroína. Admirava-me por minha personalidade, minhas realizações e,
ironicamente, por minha integridade. Queria ser como eu. Tinha me observado por
anos, quieta, maravilhando-se com minhas escolhas e ações. Eu cessei a leitura,
golpeada com o crime que tinha cometido.
Eu tinha
perdido tanta energia para mantê-la fora do caminho... Eu tinha desperdiçado
anos ressentindo-me com alguém capaz desta mágica; e agora eu violara sua
confiança. Lendo as sérias palavras que minha irmã tinha escrito, me pareceu
derreter uma barreira gelada em meu coração e eu desejei conhecê-la novamente.
Eu poderia
novamente por de lado a insegurança estúpida que me manteve longe dela. Naquela
tarde, quando consegui me sustentar sobre minhas pernas, eu decidi ir até ela,
mas desta vez para experimentar em vez de julgar, para abraçar em vez de lutar.
Para viver como verdadeiras irmãs”.
Moral da história:
quem tem valores morais dentro de si, jamais pratica atos mesquinhos, tentando
buscá-los nas outras pessoas, pois os possui de sobra para dar.
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