segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A EXPERIÊNCIA ENSINA


Uma máxima popular diz que algumas pessoas somente aprendem com amargas experiências, ou seja, dão valor a um braço ou uma perna, quando perdem-na. Outras, sentem-se inseguras pela falta de confiança no ser humano ou nas coisas que ele produz.
Na verdade, a falta de experiência, mormente leva todos nós a um certo temor de algo que não conhecemos. Acreditamos que seja um receio infundado, pois ao invés de acalmar a nossa mente, ficamos imaginando coisas que não têm sua razão de ser.
A não ser que tenhamos um trauma de infância, imperioso é notar o círculo vicioso que criamos com o nosso comportamento refratário quando enfrentamos pela primeira vez uma situação pela qual nunca antes tivéssemos experimentado.
É até engraçado: às vezes, nada do que tememos nos acontece, mas quando passamos pela situação que até então somente existia em nossa fantasia mental, nos acalmamos. Isso significa que a experiência além de nos ensinar a não ter medo das coisas, também induz a nos comportar com menor estardalhaço.
Genericamente falando, medo é um sentimento de alvoroço que toma conta de nossa alma, devido a noção de um perigo real ou imaginário. Perigo real é quando os policiais enfrentam os bandidos e há troca de tiros. Embora possam imaginar que um deles caia morto, ninguém espera ser o escolhido.
No caso de perigo imaginário, às vezes o fato está longe de acontecer, mesmo assim, a insegurança, através da mente nos prega uma peça safada a ponto de sentirmos na pele (fantasiosamente) como se de fato estivesse acontecendo.
 Pelo menos é isso que depreendemos do nosso conto semanal, de autoria de Saadi de Xiras, da série Sabedoria Persa: Certo rei estava a bordo de um navio em companhia de um jovem inexperiente. O jovem não tinha nunca visto o mar, nem conhecia as incomodidades das viagens marítimas. Começou a chorar e a tremer.
Tentaram aquietá-lo, mas não o conseguiram. Tudo isso tirava o prazer do rei, e os cortesãos não sabiam o que fazer. Então, um homem judicioso, que estava perto, disse: – Se o ordenares, senhor, farei que ele sossegue. E o rei respondeu: – Isso me seria extremamente agradável.
O sábio homem mandou que os marinheiros lançassem o jovem ao mar. Depois que o mergulharam várias vezes, puxaram-no pelos cabelos, e o puseram no navio, aonde ele, com ambas as mãos, agarrou-se ao leme. Quando ele acalmou-se, sentou-se a um canto, e aí ficou quieto.
Isso agradou ao rei, que perguntou a causa de tudo. O sábio respondeu: – Antes, ele não tinha sentido as angústias do mergulho, e por isso não conhecia a segurança que o navio oferece. Só tem conhecimento do valor da saúde alguém que já tenha sucumbido à doença.
Moral da história: quando a nossa mente não ajuda, o corpo sofre. E quando o corpo sofre, nos queixamos pelas agruras passadas, mas não nos damos conta de que somos os causadores dos nossos próprios infortúnios.


  





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