domingo, 12 de agosto de 2012

OS HUMILDES



        As pessoas pressupõem que ser humilde é praticar atos simples e/ou formular palavras neste sentido. Ledo engano. A verdadeira humildade é antes de tudo um estado de espírito. Ser humilde é ter o poder da arrogância, da soberbia, do orgulho, do comando, da prepotência etc e não praticar nenhum deles.
        Existe um tipo de conduta humana que devemos observar nas pessoas: todas aquelas que se dizem humildes, na verdade, no fundo da alma não o são. Somente o fato de abrirem a boca para dizer que possuem determinada qualidade anímica, demonstra claramente que são destituídas de modéstia.
        Ora bolas, a falta de modéstia nas pessoas, indica que elas sentem orgulho e vaidade de si mesmas, e quem é orgulhoso ou vaidoso, carece de humildade. Uma coisa é excludente da outra. Vejamos, por exemplo, o comportamento de pessoas consideradas sábias com profundo conhecimento espiritual: elas nunca falam de si próprias. Ao falarem, suas palavras sempre refletem senso de utilidade, sabedoria, jamais de ufanismo.
        Neste particular, conta-se que certo escritor chegou ao mosteiro para escrever um livro sobre o Mestre e logo lhe perguntou, ao começar: – Ouço muitos dizendo por aí, com grande convicção, que você é um gênio... Concorda com o que dizem? – Talvez tenham razão, responde o Mestre, dando a impressão de ser pouco modesto. – E o que tem ou faz para ser gênio?
         – O que tenho é uma grande habilidade para reconhecer... Apenas isso. – Reconhecer que coisa? Explique mais. – Reconhecer a linda borboleta numa lagarta feia e rastejante; reconhecer a águia ainda no ovo; finalmente reconhecer o santo, num ser humano frágil e egoísta.
        As pessoas verdadeiramente humildes fogem da gabolice, da jactância, pois essa é uma atitude daquelas que gostam de aparecer, de mostrar quem são elas. Elas jamais usam da faculdade do predomínio, antes, preferem ficar caladas e atuar, pois entendem que os fatos falam por si mesmos. São pessoas que preferem e praticam a essência do Silêncio.
        É no vácuo do silêncio que reside a sabedoria. Quem entender isso já ganhou muito. Para melhor compreensão, seguem alguns pensamentos: “Desde o momento em que sufoco a silenciosa voz interior, eu deixo de ser útil” – Mahatma Ghandi; “Um tolo que nos diz palavra não se distingue de um sábio que cala” – Molière; “Os que muito falam, pouco fazem de bom” – Shakespeare.
        Verdadeiro exemplo de humildade é o reproduzido na nossa história semanal, de autoria de William J. Bennett, e adaptada por Ella Lyman Cabot: Este incidente ocorreu durante a primeira guerra civil norte-americana, quando um oficial mandou seus soldados cortarem algumas árvores para fazer uma ponte.  
        Não havia homens suficientes, e o trabalho progredia muito lentamente. Um homem de aparência oponente, que estava passando a cavalo, falou com o oficial responsável quando este dava ordens aos subordinados, mas ele mesmo não fazia nada. – Você não tem homens suficientes para o trabalho, não é? – Não, senhor. Precisamos de ajuda.
        – Por que você mesmo não põe mãos à obra? – perguntou o homem no cavalo. – Eu, senhor? Por quê? Sou um cabo – respondeu o oficial, aparentemente ofendido com a sugestão. – Ah, é verdade, – respondeu o outro calmamente e, descendo o cavalo, pôs-se a trabalhar com os homens até estar concluído o serviço.
Depois montou novamente e, enquanto saía, falou para o oficial: – Cabo, da próxima vez que tiver uma tarefa a cumprir e poucos homens para o serviço, avise ao comandante superior, e eu tornarei a vir. Este era o general Washington. Moral da história: os humildes genuínos, sempre descem do pedestal.


         
         
             

   

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