domingo, 12 de agosto de 2012

AS DUAS JÓIAS

Há pessoas que se agarram com unhas e dentes quando se trata de perder bens materiais. Demonstram ser excepcionalmente materialistas. Algumas até perdem a saúde por isso. Quando a perda diz respeito a entes queridos, algumas delas definham espiritual e fisicamente, chegando mesmo a morrer.
Porém, poucas pessoas superam a dor e o sofrimento. Na verdade, por mais que isso nos doa, há um desígnio oculto nesses acontecimentos. Do ponto de vista espiritual, quem entende, conforma-se e aceita. Mas quem se acha injustiçado, rebela-se.
A rebeldia é uma atitude estúpida, pois sobrecarrega a alma humana com  pendores como a amargura, a tristeza  a angústia, o desgosto e a opressão psíquica. Se a pessoa não se livra desses sentimentos, com o passar do tempo, sobrevirão no corpo físico, doenças.
Se insistimos na estupidez, é porque isso é uma conseqüência lógica de acontecimentos que no final, sempre resulta em fator negativo, e jamais vai trazer de volta aqueles que se foram ‘sem o nosso consentimento.’ Isso em parte, explica a revolta do ser humano em aceitar fatos que lhe são adversos.
Nossa história semanal enviada por Camila Galvão Piva mostra que às vezes a compreensão humana não tem limites: Um rabino muito religioso vivia feliz com sua família, uma esposa admirável e dois filhos queridos. Devido ao trabalho, teve que se ausentar de casa por vários dias.
Quando estava fora, um grave acidente de carro matou os dois meninos. A mãe sofreu em silêncio. Mas sendo uma mulher forte, sustentada pela fé e pela confiança em Deus, suportou o choque com dignidade e bravura. Mas, como dar ao esposo a triste notícia? Mesmo sendo um homem de fé, ele já tinha sido internado por problemas cardíacos.
Na véspera da chegada do marido, orou muito – e recebeu a graça de uma resposta. No dia seguinte, o rabino retornou ao lar, abraçou longamente a esposa, e perguntou pelos filhos. A mulher disse que não se preocupasse com isso, tomasse seu banho e descansasse. Horas depois os dois sentaram-se para almoçar. Ela pediu detalhes sobre a viagem e ele contou tudo o que tinha vivido.
Falou sobre a misericórdia do Criador – mas tornou a perguntar pelos meninos. A esposa, numa atitude um tanto embaraçada, respondeu: – Deixe os filhos, depois nos preocuparemos com eles. Primeiro quero que me ajude a resolver um problema que considero grave. O marido, já preocupado, perguntou: – O que aconteceu? Notei você abatida!
Fale tudo o que lhe passa pela alma, e tenho a certeza que resolveremos juntos qualquer problema. – Enquanto você esteve ausente, um amigo nosso visitou-me e deixou duas jóias de valor incalculável, para que as guardasse. São jóias muito preciosas! Jamais vi algo tão belo! Ele vem buscá-las e eu não estou disposta a devolvê-las, pois já me afeiçoei a elas. O que você me diz?
Ora, mulher. Não estou entendendo o seu comportamento! Você nunca cultivou vaidades! – É que nunca havia visto jóias assim! Não consigo aceitar a idéia de perdê-las para sempre! E o rabino respondeu com firmeza: – Ninguém perde o que não possui. Vamos devolvê-las, eu a ajudarei a superar a falta delas. Faremos isso juntos, hoje mesmo.
– Pois bem, meu querido, seja feita a sua vontade. O tesouro será devolvido. Na verdade, isso já foi feito. As jóias preciosas eram os nossos filhos. Deus os confiou à nossa guarda, e durante a sua viagem veio buscá-los. Eles se foram... O rabino compreendeu na mesma hora. Abraçou a esposa, e juntos derramaram muitas lágrimas – mas tinha entendido a mensagem, e a partir daquele dia lutaram para superar a perda.
Moral da história: às vezes, a esperança é a última coisa que morre conosco, não apenas nesta vida, mas também na outra; é por isso que se diz que quando o Criador fecha duas janelas, sempre abre uma porta, pouco importando, se neste ou em outro mundo.      

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