sábado, 11 de agosto de 2012

OS DONOS DA VERDADE

Por ser dotado de inteligência e faculdade de raciocínio, o ser humano é a única raça deste planeta que contesta e cria polêmica sobre os mais variados assuntos: política, religião, gosto, diversões, música, ciência e outros temas que caem nas malhas da sua faculdade calculante.
Em qualquer lugar no mundo é sempre a mesma coisa: um pequeno grupo de pessoas de alto poder econômico, lança no mercado consumidor uma idéia ou um produto que passa a ter valor emotivo, psicológico ou social. O sucesso da venda dessa mercadoria ou a propagação da idéia tem profunda conotação no comportamento da massa humana, que aceita sem ponderação a propaganda como uma verdade inaudita.
Alguns séculos atrás quando os detentores da Ciência proclamavam para o mundo que ele era quadrado, ou quando dizia-se que o sistema planetário era geocêntrico, ou seja, todos os demais planetas giravam em torno da Terra, isso era aceitado como uma verdade insofismável. Quem ousasse dizer o contrário, era considerado louco ou sofria graves sanções. À época, os governantes que manipulavam o poder e a ciência, consideravam-se os donos da verdade.
Nas questões da Religião, cada qual acha-se dono da verdade, não porque tenha feito profundas pesquisas, estudado ou conhecido várias entidades religiosas, mas por causa da tradição secular dos antepassados, aceitou passivamente a doutrina. A rigor, no tocante ao assunto de foro íntimo como a fé, que dizem remove montanhas, ninguém pode estar com a verdade, ou dela ser totalmente destituído.
Ao afirmarmos que ninguém pode estar com a Verdade – absoluta –   pouquíssimos a conhecem neste plano de vida, independente das inúmeras entidades religiosas, isso não implica em dizer que não haja partículas dessa verdade contidas nos ensinamentos de todas as religiões, mormente aquelas que pregam o amor abnegado pela natureza e pelo ser humano.
O conhecimento da verdade das coisas que afetam o nosso interesse, sejam elas materiais ou abstratas, é tanto maior quanto mais amplo for a nossa mente ou espírito no sentido de se aprofundar nesses misteres, pois é do estudo, da observação, da comparação, da análise e da intuição que sobrevém a sabedoria. Ela por si só, ultrapassa o julgamento dos nossos cinco sentidos.
Algumas pessoas têm o senso comum distorcido pela prática de conhecimentos equivocados, e mantêm essa posição achando que estão certas em seus caminhos. Outras, embora um fator biológico de ordem genética lhes seja adverso, perante a comunidade da maioria, elas estejam erradas. Mas isso não lhes tira a faculdade das próprias razões de conhecer a sua verdade.
Isto é o que depreendemos da nossa história a seguir: Dois coleguinhas de classe, Diego e Gustavo, faziam um trabalho escolar sobre as leis do trânsito. A professora distribuiu papel e lápis para todos, e cada criança pintou seu próprio semáforo. Diego então, olhando para o trabalho do colega, disse: – Ei! Gustavo, você pintou errado. O farol de cima é vermelho e não verde.
          Gustavo respondeu: – Foi o que eu fiz, pintei o farol de cima de vermelho. – Não, você é um mentiroso, pintou de verde, está errado! – teimava Diego, enquanto Gustavo jurava que havia pintado de vermelho. E a discussão foi tomando tal proporção que a professora teve que intervir. Ao se inteirar do motivo da celeuma, ela chamou Diego e disse-lhe:
– Seu colega está dizendo a verdade quando diz que pintou o farol de vermelho, porque o que ele vê é isto mesmo, o vermelho; portanto, está sendo sincero. O que você não sabe, Diego, é que seu colega é daltônico, quer dizer, ele troca as cores: o que para você é verde, para ele parece vermelho. Moral da história: cada pessoa olha o mundo através de sua história de vida; portanto cada um vê uma mesma situação de forma diferente.





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