quinta-feira, 16 de agosto de 2012

OS ZOMBADORES


Existem pessoas que adoram fazer troça com seus semelhantes, ou seja, tentam fazê-los cair no ridículo, com objetivo único de rir às custas alheias. Grande parte delas são jovens que pouco ligam à experiência e ensino dos mais velhos.
Normalmente, esses imberbes (início dos primeiros pêlos da barba – isso quando a tem) tiveram uma sofrível educação de respeito aos idosos, pois veriam que a vida se repete, e no futuro (se chegarem lá) estarão na mesma situação, recebendo motejos (zombarias) pela lei da ação do retorno.
As pessoas consideradas dez ou mais anos em relação às demais costumam tachá-las de coroas, ultrapassadas, caducas, balzaquianas e outros adjetivos do gênero. Ainda que seja em tom de brincadeira, no fundo, não deixa de ser uma forma sutil discriminatória, pois se tivessem consciência de que quanto mais se vive, mais se aprende, não teriam motivos para gracejos.
Também é certo que algumas pessoas, com o passar dos anos, ao invés de aprender com os erros e acertos, parece que estagnaram no tempo. Essas devem representar a minoria, pois as experiências vividas certamente trouxeram mais dissabores do que alegrias. Não podemos negar isso, posto que, até mesmo os animais usam o instinto para não sofrer duas vezes.
Algumas pessoas têm horror à velhice, como se esta fosse apagar os ensinamentos e experiências de toda uma vida; em contraste, muitos jovens na flor da idade desperdiçam seus melhores momentos de vida, envolvendo-se com vícios como bebidas e drogas, e alguns morrendo mais cedo.
Viver faz parte de nossa existência e, aqueles que chegaram à maturidade devem agradecer por tudo o que aprenderam e não ficar lamentando por talvez não terem alcançado seus sonhos. Certos conceitos na sociedade sobre velhice, mormente advindos de pessoas mais jovens, tendem a estigmatizar os idosos, induzindo-os a pensar que sejam imprestáveis.
Ninguém nesta vida pode ser considerado imprestável, por mais insípida que ela seja. E a juventude que gosta de fazer pouco caso de pessoas mais vividas, deveria entender que tudo aquilo que aprendemos, decorre do ambiente pelo qual nos relacionamos, ou seja, a educação que recebemos, venha ela da sociedade, da escola ou do lar.
Hoje, contemplamos com certa apreensão a forma como a juventude é orientada, via mídia, escolas, programas de televisão e outros divertimentos. Se não impera o próprio respeito, que podemos imaginar em relação aos anciões? Nada mais triste é verificar que alguém chegou à velhice e sofrendo na pele, os mesmos atos de discriminação que costumava praticar quando foi jovem.
Nossa história semanal contempla essa possibilidade, caso ocorra a lei do revide, se não houver uma transformação de foro íntimo nas pessoas: Um senhor de 80 anos de idade estava cuidando de uma planta com todo o carinho. Um jovem aproximou-se dele e perguntou:
– Que planta é esta que o senhor está cuidando? – Ah! É uma jabuticabeira – respondeu o velho. – E ela demora quanto tempo para dar frutos? – Pelo menos, uns 15 anos – informou o velho. – E o senhor espera viver tanto tempo assim? – indagou irônico o rapaz. 
– Não, não creio que viva mais tanto tempo, pois já estou no fim da minha jornada – disse o ancião. – Então, que vantagem o senhor leva com isso, meu velho? – Nenhuma, exceto a vantagem de saber que ninguém comeria jabuticabas, se todos pensassem como você.... Moral da história: quem não respeita a velhice alheia, não merece usufruí-la.



   


Nenhum comentário:

Postar um comentário