segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O POR QUÊ



Quase todos nós temos a infeliz mania de sofrer por antecipação, ou seja, acontecem coisas desagradáveis e já ficamos tirando conclusões precipitadas, como se o ocorrido fosse uma espécie de fim de mundo.
Na maioria das vezes, fazemos perguntas aumentando o tamanho dos nossos problemas. É quando nos tornamos adeptos do adágio: “fazer tempestade em copo d’água.” Normalmente, não nos ocorre à idéia de que há males que vêm para o bem.
Ficamos fazendo perguntas do tipo: por quê, ao invés de nos concentrarmos nas do para quê. Afinal, a vida não é um mar de rosas, pois se assim o fosse, não teria nenhuma graça e tudo seria uma terrível monotonia.
Se coisas boas nos acontecem, como é normal, ficamos alegres e festejamos. Todavia, caso o infortúnio nos atinge, então, ao invés de usarmos a razão para perguntarmos para que, com que finalidade, revoltamo-nos indignados, perguntado como sempre, por quê.
Na verdade, não aceitamos coisas ruins que nos acontecem, como se puros e perfeitos fôssemos. A grande maioria das pessoas entende como uma espécie de castigo, por isso, quando é atingida, faz um escarcéu e toma o fato como sendo o supra-sumo do acontecimento.
Como tudo na vida tem uma explicação para ser, a história desta semana reforçará nossa posição mental: Um dia um fazendeiro da aldeia foi pedir ajuda a um sábio e disse: – Homem sábio, ajude-me. Uma coisa horrível me aconteceu. Meu boi morreu, e eu não tenho outro animal para me ajudar a arar o campo! Essa não foi a pior coisa que poderia me acontecer?
O homem sábio respondeu: – Talvez sim, talvez não. O fazendeiro correu de volta para a aldeia e contou a seus vizinhos que o homem sábio ficara maluco. Estava claro que aquilo era a pior coisa que lhe podia ter acontecido. Por que ele não percebia isso?
No dia seguinte, entretanto, um cavalo jovem e forte foi visto nas proximidades da fazenda do homem. Como ele não tinha nenhum boi para ajudá-lo, teve a idéia de aproveitar o cavalo no lugar do boi. Que felicidade para o fazendeiro! Arar o campo nunca tinha sido tão fácil. Ele voltou então ao homem sábio para se desculpar:
– Você estava certo, perder meu boi não foi a pior coisa que poderia me acontecer. Foi uma bênção disfarçada! Eu nunca poderia ter capturado o meu novo cavalo se não fosse aquele fato. Você há de concordar que essa foi a melhor coisa que poderia ter acontecido.
O homem sábio tornou a dizer: – Talvez sim, talvez não. “De novo não”, pensou o fazendeiro. “Agora não há dúvidas de que o homem sábio está enlouquecendo.” Mais uma vez, porém, o fazendeiro não sabia o que o aguardava. Alguns dias mais tarde, voltou ao homem sábio com a seguinte notícia:
– Meu filho estava andando a cavalo, caiu e quebrou a perna. Agora não pode mais me ajudar na colheita. O senhor há de concordar comigo que essa foi a pior coisa que me poderia acontecer, não acha?
E o sábio respondeu: – Talvez sim, talvez não. O fazendeiro ficou decepcionado com o sábio e pensou: “Coitado! Ele já está velho e não sabe mais aconselhar. Claro que essa foi a pior coisa que me poderia ter acontecido!”
Passados alguns dias, chegaram tropas no vilarejo para levar todos os homens jovens e saudáveis para uma guerra que tinha acabado de estourar. O filho do fazendeiro foi o único jovem que não teve que ir.
 E então o fazendeiro entendeu que aquela também não havia sido a pior coisa que lhe tinha acontecido. Moral da história: Você só aceitará o sofrimento quando substituir a pergunta “por quê” pela pergunta “para quê”. Só assim você entenderá o propósito dos acontecimentos.


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