OS PUSILÂNIMES
Antes que alguns dos nossos
leitores não muito afeitos à palavra do título, possam pensar num palavrão
impronunciável, vamos facilitar-lhes o trabalho de irem ao dicionário e dizer
que ela é sinônima de covarde, sem coragem, tímido, medroso e poltrão. Via de
regra, os covardes são pessoas desleais e traiçoeiras.
É possível que alguns leitores
(mormente aqueles já familiarizados com a palavra) nos questionem alegando que
poderíamos ter evitado tudo isso, bastando apenas que colocássemos o título na
forma mais simples possível: os covardes.
Bem, razão lhes cabe apenas em
parte, pois se assim o fizéssemos, estaríamos privando do conhecimento aqueles
leitores que desconhecem o vocábulo. Um dos objetivos principais da leitura não
é somente ficar sabendo dos fatos e das pessoas, mas também ampliar os nossos
horizontes do conhecimento da língua, tanto para auto-erudição quanto para
transmitir.
Ler, antes de tudo, é viajar
nas asas da experiência alheia, haurindo seus conhecimentos e deles tirando ensinamentos
que possam ser úteis na vida prática. Dependendo do tipo de leitura, ela pode
ser um bálsamo para a alma e nos mostrar caminhos para os quais achávamos que
não havia saída.
Por outro lado, devemos ter o
cuidado com o que lemos, pois há muito lixo intelectualizado que as pessoas
chamam de cultura. É preciso bom senso para separar o joio do trigo. Mas,
parece que estamos tergiversando e nos evadindo do tema exposto. Vamos ao que
nos interessa.
Na verdade, covardes ou
pusilânimes não são apenas aqueles seres humanos que têm medo de enfrentar um
adversário numa briga, ou de passar uma noite em claro num cemitério, com
receio de ver uma alma penada. Como covardia é sinônimo de traição e
deslealdade, são covardes todas aquelas pessoas que podiam ajudar anímica e
materialmente seus semelhantes, mas não o fazem.
Não importa os motivos
(orgulho, preguiça, vaidade, despeito, ódio, rancor, etc), toda vez que negamos
nossa ajuda (podendo fazer, sem prejuízo material) seja um afeto, um carinho,
um olhar, um conselho, uma ajuda no sentido físico, trilhamos a estrada da
covardia, aquela que nos exime da responsabilidade de orientar as pessoas, para
que elas sintam-se bem e melhor ao nosso redor.
É covardia também, toda vez que
sentimos desânimo para fazer coisas que devem ser feitas, como alcançar um
objetivo na vida, lutar por melhores condições de trabalho, se o que temos no
momento nos desagrada. Se pensarmos nas tribulações que vamos passar ou algum
sofrimento a superar, e isto vier a refrear as nossas ações, então não passamos
mesmo de covardes, sem direito a um futuro mais promissor.
Sobre os covardes, Anthon William já dizia: “O
mundo sempre parece ameaçador e perigoso para os covardes. Estes procuram a
segurança mentirosa de uma vida sem grandes desafios, e se armam até os dentes
para defender aquilo que julgam possuir. Os covardes são vítimas do próprio
egoísmo, e terminam construindo as grades da própria prisão.”
Nossa história semanal é um
exemplo de como certas metas podem falhar, quando as sementes do comodismo e da
indolência corroem a nossa alma pusilânime: “Certa vez um homem tinha que fazer uma viagem transportando uma
grande cruz que se arrastava pelo chão. No meio do caminho ele já se sentia
desanimado, pois estava muito difícil transportá-la.
Foi então que teve uma idéia:
arranjou um serrote, cortou a cruz pela metade e seguiu seu caminho feliz, pois
agora carregá-la tinha se tornado uma tarefa muito fácil. Andando mais alguns
quilômetros, deparou-se com um abismo que atravessava seu caminho e, para
conseguir chegar ao seu destino, teria que ultrapassá-lo.
Como não havia ponte, a única
maneira de chegar ao outro lado era usando sua cruz para a travessia. Ao
tentar, porém, constatou que ela agora era muito curta e não alcançava o outro
lado. Então o homem sentou-se e chorou amargamente por ter cortado a cruz, pois
anteriormente tinha a medida exata para a sua travessia. E assim ele ficou à
beira do caminho.
Moral da história: não devemos tentar nos
livrar do sofrimento a qualquer custo, pois ele servirá de ponte, tendo a
medida exata para alcançarmos novos caminhos”.
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