quarta-feira, 8 de agosto de 2012

OS ACOMODADOS


Existem pessoas que fogem do trabalho tal qual o capeta que foge da cruz. Elas até se sujeitam a sofrer alguma dor física, desde que isso lhes proporcione despreocupação e ausência de responsabilidade. Algumas, mesmo gozando plena saúde se esquivam do serviço, seja braçal ou intelectual, pois isso lhes convêm tendo em vista sua índole bastante propensa ao ‘dolce far niente’, ou seja, adoram viver numa boa, sem fazer nada.
São seres humanos que devem merecer o nosso desprezo, pois podendo não se ajudam mesmo quando é-lhes oferecido apoio de fora. Esses são os parasitas que a sociedade alimenta e por nossa própria culpa, pois sentimentais que somos, deixamos que as coisas corram livres e soltas.
Com atitudes assim, somente engrossamos as fileiras daquelas pessoas que adoram explorar o lado emocional dos humanos, pois sabem que a pieguice é o caminho mais curto para atingir seus objetivos de conseguir as coisas sem o menor esforço, e ainda por cima, rir da nossa ingenuidade.
Infelizmente, há pessoas que se aproveitam da bondade e da caridade de outras. Fingem que são amigas e somente porque entendem um pouco mais de psicologia do comportamento humano, se acham no dever de orientá-las (em seu próprio proveito), haurindo com isso, benesses materiais.
Exemplo típico é o de certas seitas religiosas que exploram a fé pública, prometendo aos incautos fiéis, mundos e fundos, inclusive, a salvação de suas próprias almas. Santa ingenuidade!! Ninguém tem poder de salvar a nossa alma, a não ser nós mesmos. Isso é tão claro e cristalino que, duvidar, seria o mesmo que negar a nossa própria existência.
Atentem apenas para isto: se mantivermos o nosso pensamento livre de impurezas, as nossas palavras justas, corretas e bem intencionadas e as nossas ações de modo a não prejudicar ninguém, não haverá autoridade eclesiástica nenhuma no mundo com coragem de dizer que não estamos no caminho certo para o paraíso.
O que fugir dessa regra, estejam certos: é pura mentira. Ninguém precisa nos ensinar a trilhar o caminho das verdades eternas, quais sejam, a de amar o próximo como a nós mesmos (esse princípio não vale para aqueles que prejudicam a si mesmos) e a de não fazer aos outros o que não gostaríamos que fizessem a nós.  
Essas verdades eternas não exigem das pessoas nenhum estudo ou conhecimento superior, pois elas igualam tanto intelectuais quanto analfabetos, que sabem que se fugirem dessa norma, nada de bom devem esperar.
Nossa história mostra os pólos opostos de vidas que podem mudar, conforme nossas atitudes: “Na porta de uma igreja costumava ficar um mendigo que tinha na perna uma enorme ferida de difícil cicatrização. Ele ficava sentado com seu chapéu na mão, expondo a ferida e pedindo esmola.
Certo dia, um médico muito caridoso, vendo-o naquele estado, ofereceu-se para tratá-lo. Durante algum tempo, aquele médico esperou o pobre... em vão. Pensando que o mendigo havia perdido o seu endereço, voltou a procurá-lo. Foi até a igreja onde ele ficava sentado e, ao encontrá-lo, perguntou-lhe o que havia acontecido.
Nessa hora o mendigo respondeu-lhe: – Eu fiquei pensando muito no seu convite, doutor, e resolvi não aceitá-lo, porque, se esta ferida for curada, as pessoas não mais me darão esmolas. O médico, surpreso, entendeu que aquela ferida era o ganha-pão para o mendigo. Moral da história: muitas vezes nos apegamos a certos sofrimentos como um ganha-pão emocional.”

Richard Zajaczkowski, bacharel em Direito,
Oficial de Justiça Avaliador, acadêmico de Jornalismo
e membro do centro de Letras de Francisco Beltrão

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